20080429

História de enredo diabólico, pueril e estafaaante de amor e ódio - capítulo 7

Em 1992 faltava um bom tanto pra alcançar os 1,50m que me compõem atualmente, o que justifica o insucesso estratégico de correr quando me vi cercada por uns 4 pares de pernas maiores que as minhas. [contaria 5 mas imagino que a invalidez a essa altura já batia à porta da gêmea caída.]


senti a mão de Deus pesaaando sobre mim. Oh, sim amigo/irmão. tão jovem, já pude sentir a iiira celestial caindo sobre o meu cabelo desgrenhado, com os olhos serrados pela culpa e pela dor que carregaria até que a morte me sobreviesse. Sneti no ombro direito a mão pesaaada, calejaada, peluda e meio marrom (?) desvio de memória.


apesar de mentalizar nos momentos de tensão a figura divina com as feições do morgan freeman a mão peludona era do meu pai e num tempo record de 2min36segs já tava sambando na minha bunda.

na roda do constrangimento eu sambei. sambei largada rodando até o chão na lambada do pastor por ter inserido fator novo na rotina boring da vida da gêmea semi-morta na chon*

20080424

História de rancor, emulações, prostituição e crimes - capítulo 6

Coisa feia é deixar quem lê num vácuo quando dá branco.

Deve haver jeito de entreter quem acompanha os capítulos ainda que não haja fiozinho desses de inspiração pra relatos, ou que me tome a maior inércia verbal. Num episódio em que há leitor pro conteúdo e a gente larga mão, quando volta é bom vir com desculpa boa. Dessas que não dá pra não menear a cabeça em concordância sem titubeio, tomado de dó. Tou sem nenhuma agora.
Aí é que dou saltinhos, tamanha a vangloria do tormentoso talento de afugentar leitor, logo, de inescusável, me absolvo e passo a ser novamente a imperatriz dos contos de amor, intriga, sangue, ódio, ciúme e aquela parafernália toda.

Ambientada num enredo anabatista em essência e livre da concupiscência torpe, não haveria jeito de tecer maldadezinhas sobre a educação com que fui aveludada. Nesse espírito, mancomunei-me com a melhor das intenções e resolvi apregoar a alegria.

Num gesto encantador de altruísmo duas jovenzinhas espalhavam cera vermelha sobre o chão da igreja pastoreada pelo pai em 1992. Morávamos numa espécie de apartamento sobre a Igreja e aprendi a dedicar as tardes na magnífica arte de apreciar o enceramento do chão.

Uma das moças tinha lá suas cinqüenta primaveras e a outra também. Gêmeas idênticas, né? Idênticas em arquétipo, ossada, emulações e inconveniências.
E para dar fim ao marasmo colossal instaurado no ambiente batismal, resolvi apregoar alegria brincando de esconder com as tias da limpeza. Acha improvável que tias de limpeza depois do meio século de vida? É só não contar. Eu escondo, elas enceram, eu grito, elas morrem.

Certo. Numa avaliação mais minuciosa, perceberemos que na real, eu não gritaria. A mãe ia notar, né? De fato, não dá pra chamar tanque batismal de esconderijo e das duas, só uma tá morta [ e não foi minha responsabilidade de acordo com a perícia ].

Todavia, acometida dos fluidos de bondade com que fui criada, achei por bem tornar o clima de trabalho das velhinhas mais agitado. Escondida no batistério, berrei qualquer coisa do naipe de ‘ÁIJESUSMARIAJOSÉLADRÃOENTRANDO’. Trambolho de encerar prum lado, gêmea 1 pro outro, gêmea 2 na chon.*

Pensei: ‘caraleas! Funciona. Tão regorgitando de felicidaaaade. Olha lá a carinha das bichinhas.’
Era puro blefe. Vê só! Tavam armando pra mim! Mais dia menos dia o pai chamou na chincha, sabe? Aí eu conto amanhã. Tá tarde.

hihih