20070926

"amigapacaramba"

Num desses almoços onde se contam piadas e peripécias amorosas, eu e quatro amigas gargalhávamos de chorar [possivelmente motivadas pelos degetos químicos na comida universitária] - Das quatro, para melhor compreensão do causo, traço um perfil físico, que éo mais relevante agora.
A primeira delas veste 34 e deve ter descendência europeia: cabelo liso + nariz afilado.
As outras duas não fogem do formato com variações de tamanho de nariz, dentes e tals...
Eu, míope, afro-descendente, e dando alguns pulos, entro no meu jeans 38. Ok. A última na descrição foge um pouco dos padrões graças à massa adiposa e aos olhos abundantemente verdes. Também affrodescendete. Mas, o que fica, apesar do verde dos olhos e da pele boa, é aquele inferno de gordura que todo mundo tenta se livrar. E pra facilitar, vou dar números aos personagens, ok? Eu sou eu, as donas dos narizes afilados, cabelos maleáveis e dentro do peso médio são 2 e 3. Nossa protagonista, com massa adiposa a mais que as três primeiras, é 7.
Falar abertamente sobre obesidade é crime, principalmente com quem padece do mal. Digo “padece” e “mal” pelos malefícios à saúde – que fique claro e o relato dem a ver com isso.
O que me encafifou a ponto de escrever sobre isso foi o comportamento do grupo no momento “peripécias amorosas”. Eu, 2, 3 e 7 rimos como nunca na semana. E o papo descambou para sucessos e insucessos amorosos. Foi quando cada uma de nós compartilhou, ainda que sem citar nomes, da dor que nos afligia no momento.
>Eu falei sobre meu afer por caras mega-complexos-de-difícil-compreensão;
>garota n.º2 contou dos “ex” e de como eles adquiriram o título de “ex” [o que é sempre uma história interessante!]
>n.º 3 discorreu sobre suas confusões com os vários possíveis garotos-afer e aí é legal pq a gente pode ajudar a escolher um.
Quando foi a vez da n.º 7 contar suas “ficadas”, os olhares foram de descrédito, já que a gente vive numa sociedade de merdinha em que a idéia vendida é que pra ser amado a gente tem que vestir jeans 36.

O que me confunde é que essa coisa de ficar surpreso com a gordinha que pega os caras na moral é que com aquelas que se entregam à crises de baixa auto-estima a gente conversa sobre se aceitar, sobre viver bem e discursa: “mas vc é linda! Só vc que não vê!”
Muito bom. Amiga é pra isso mesmo. Mas aí, quando a coisa tá bem a gente acha que é segunrança demais pra quem foge dos padrões porcos de beleza? É problema não ser inseguro mesmo não sendo Naomi Campbell?
Ah vá!

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