20090220

História atarantada, tórrida e aterrorizante de enlaces, injúrias e disparidades – capítulo 11

Se num dia de glamour e show-bizz eu topo com Maria das Graças Meneguel, vulgo imperatriz dos anões [ pq depois de maísa, baixinho é baixinho, anão é anão], numa entrevista pingue-pongue e preciso regurgitar uma única palavra pra resumir minha infância, eu certamente escolheria ‘intempestividade’, amigo.

Ainda que grumete seja um lindo verbete, minha primeira infância é isso aí minha gente. É pé no asfalto quente. É cão adolescil querendo ganhar o mundo sem a mãe, é murro na cara, é o destino bulindo comigo.

Num momento de reflexão fecal me sobreveio o questionamento: que faria eu, por volta dos 11 anos, intentando contra a própria vida em busca dum cão fugido? Quero dizer; que é que me impulsiona? Que é que me motiva?
Depois de muita lucubração [e de me limpar], encontro uma resposta.
boçalidade, imbecilidade, amebíase e o adorno dessa vida: o amor. [são estados de espírito que raramente se desvencilham]
E essa loquacidade inteira aqui, caríssimo, só se faz cabalmente necessária para que se compreenda o que vem a seguir – um ato estúpido, justificado tão somente pelo amor [e pela forte influência de chiquititas e carrossel]

Acompanhe:

Com um sorriso medíocre eivado de um lirismo contido, o que num universo menos paroquial a gente chama [quando se transpassa tanto o conceito de dor somado à vergonha] de zona neutra, de estado de choque, enfim. Assim, me vi descabelada no meio da rua com os pés semi-desprovidos de solado, arruinada como mãe e como autoridade em se tratando de disciplina. [repare na complexidade situacional enfrentada precocemente por uma ingênua unidade de criança].
Um exemplar aleatório de infanto-juvenil normal xinga, fala palavrão, chora, chama a mãe, finge desmaio, desmaia de verdade, chama o SIATE.
Eu? Eu pego Pingo. Embalo nos braços feito bebê, dou tapinha no focinho de leve, deixo que me babe a bochecha toda, largo a bicicleta caída à beira do caminho e invoco no íntimo os 50% de gene nordestino que me foram cedidos por papai para subir de joelhos a Euclides Saladini do 911 até o 178, número da minha casa, feito pagador de promessa.

Qualquer humanóide que já tenha visto Esqueceram de Mim 1 e 2 é capaz de tornar-se adjacente desse meu sentimento materno: o anular atos de rebeldia mediante situação de risco.
Ainda que seu rebento cheio de hormônios saltitantes tenha transgredido todas as regras, o medo de perde-lo se sobrepõe.
É a maturidade batendo à minha porta. Aos onze, a porta-voz desse relato de disparidades já se encontra pronta para ser mãe. Veja você.

Aliás, gostaria de instaurar neste momento, uma ala para reflexão, já que chegamos ao fim dessa pauta e em breve voltaremos às peripécias dos 6 anos.
Sua mãe já te carregou nos braços, ajoelhada no asfalto quente, ao longo de 300 metros de caminhada? Já? Hein? Não? Não estaria na hora de repensar o SEU relacionamento familiar? Em caso de não haver mãe por morte ou abandono, favor desconsiderar 3 sentenças anteriores.

No portão de casa me foi prestado socorro por mamãe, e assistência psicológica para o cão por layane, minha irmã caçula que com apenas 3 anos vividos já identificava-se em muito com Pingo, afinal os dois tinham até então QI de cachorro e mal conseguiam travar comunicação com o mundo exterior.
É como dizem. Entre mortos e feridos, salvaram-se todos.

Com os pés vermelhos mergulhados em mercúrio/ mertiolate, levo mais uma lição pra vida: homem é homem, menino é menino, macaco é macaco e criança não tem filho.




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Capítulo 12 sendo concebido, amigos. Aguardem.

20090212

história fatídica, fatal e nada fictícia de engodo, insuficiência renal e amputações - capítulo 10

queria eu alcançar o SEU pensamento, afoito leitor, que solidariza sempre com meus adereços sentimentais e surtos psico-narcótico-alcoolico-hemorróidicos de desaparecer e deixar de contar o ocorrido com pobre pingo!

E você, amigo que por algum motivo sobrenatural ainda não conhecia o presente relato auto-biográfico, e concomitantemente não sabe do que é que eu ando falando, estávamos numa séria alucinaaante sobre a minha malfadada infância.
E no capítulo anterior....


“Pingo correu ladeira abaixo num desenfreio sem fim e na desolação maternal eu procurei qualquer maneira rápida de alcançar o canino patatal [de patas, né?] descambando pras quadras descendo, descendo, descendo...”

Narrava a empreitada em que me meti em busca de meu poodle juvenil descendo a rua sem saber voltar pra casa.

Caso ainda haja resquício de dúvida dá pré reler o último panfletinho de criança que eu fiz: http://tschh.blogspot.com/2008/05/histria-elptica.html


Correto, comadres.

Ainda no frisson da ação, voltemos a visualizar minha montaria rosa sem freio e pingo distante 300 metros à frente numa ladeira sem fim.

Vá lá. Atine seus instintos. Que é que se faz quando se galopa uma mountain bike sem freio? Corretíssimo! Metemos os pés no chão para friccionar a camada de pele contra o asfalto e fazer o veículo estacionar. Seria maravilhoso se pele não fosse corpo e asfalto não fosse piche, não é mesmo minha gente?

Entrementes, não há como saber o motivo, mas minha força da imaginação não foi suficientemente forte pra fazer do piche algodão doce e eu ferrei com meu pé até o talo esfregando-o no chão, em alta velocidade, pra frear aquela porcaria de bicicleta.

E se você pensou carne viva acertou, McCoy. Carne viva foi o que permeou meu pequeno pisante desde o dedão até o calcanhar.
Pero, rebobinemos até o momento de tensão em que não havia mais para onde ir com o alazão, para indivíduos que talvez pensem agora ‘meldels como é burra’. Porr#!! (esse ainda é um blog de filha de pastor), que pooorr$%. Era frear ou morrer, filho. Era frear ou cagar na calça, irmão. Era frear ou estuprar nariz, colega. Avalie você.
Avalie e reflita.


Amanhã eu conto o que acontecerá com o jovem pingo corredor pq hoje não ta fluindo, migux4da.