20071107

nostyle

E o que temos agora lombarde?


Hodiernamente o vasto cardápio de opções tribais as quais se pode pertencer acabou por dar vida ao que classificamos no TRIBOS URBANAS como “nostyle”.
Diferente do que o termo popularmente adotado no inglês significa (sem estilo), os nostyle são acúmulos de estímulos e estilos em que nem Elke Maravilha e toda a sua democraticidade vestumentarial poderiam ingressar. São quase ALLstyle.
Além da vestimenta, que é o que identifica o grupo à distância temos a postura social: nostyle são os populares “emcimadomuro”. Quem não decide nada, não opina nada, não escolhe nada, não acha nada. Ser nostyle é de uma simplicidade tamanha... fato que se nota ao dimensionar o tamaaanho do grupo.

O governo português, por exemplo, é composto pelos pioneiros do grupo nostyle, marcados pela incapacidade de expressar opinião advinda do próprio governo português, bem como o governo que nos rege, [o brasileiro, não é mesmo?]. A arte de não expressar opinião transcende essa coisa do “não sei”. Existe uma vertente dos nostyle que desenvolveu no decorrer dos anos a inacreditável habilidade de reproduzir opiniões! É!

“Para que dar pitaco se a gente pode copiar o pitaco do vizinho, não é mesmo minha gente?” (um pouquinho mais para trás Gabriela... isso... {splash!} vide www.meunomeeregina.blogspot.com).

Regina Duarte sobre os nostyle (com cortes).

Discorrer sobre indivíduos que acumulam estilos alheios se torna complexo por ter de abordar todos os tas alheios estilos: uma criatura que consegue a proeza de combinar Vô Dútche (Von Doutch) com uma bela calça de couro pode ser elencado para figurar no time dos nostyle, por exemplo.

Os pertencentes à nobreza dos “out.of.the.fashion” são quase new hippies, visto que não existe preconceito (nem pós conceito... conceito algum) é um abraço no mundo dos estilos.

Para quem ainda não consegui conceber a ideologia nostylística é simples:

Se você, caro amigo, não recebeu do Criador aquele senso de combinação e acha que verde bandeira e amarelo ouro ficam bem em “Black Tie”, se você tem numa escrivaninha bege os CDs do Jeito Moleque e do Slipknot na mesma prateleira, se você mulher, faz florzinha na unha com esmalte branco e tem um coturno do naipe do 5.º Batalhão, acabamos de identificar a qual TRIBO a vossa benevolência pertence: eres uma persona absolutamente desestilizada.

E tem mais! Escolhe seu candidato através do quesito de avaliação “beleza e carisma”?
Escolhe seu time em dependência da liderança no campeonato? Sua filosofia de vida consiste em recitar para si “a voz do povo é a voz de Deus”? Quando criança recebeu o carinhoso apelido de “mary-go-with-others?” (pq em português tudo fica óbvio pra gente que é alfabetizado...)

Nostyle merecem espaço na cartilha das tribos, mas obviamente não encerramos aqui a questão. Para compreender o nostyle de vida desta categoria, anos de jornalismo investigativo se fariam necessários, mas pra você que deseja apenas conhecer as opções, fica a dica, certo?

Nos vemos no proximo TRIBOS URBANAS, folks.

=E (dentes de vampiro. homenagem à fuer)

20071018

tribos urbanas II - INFANTO-JUVENIS

Neste capítulo da prosopopéia “tribos urbanas” homenagearemos a tribo ascendente desde a veiculação na mídia de programas alusivos ao grupo como a série animada “punk brewster, a levada da breca” e a novela da rede TELEFE, Canal de televisión abierta de la ciudad de Buenos Aires, denominada “Malhacyón”.

O que estes programas têm em comum?

Infanto-juvenis.

O grupo social que deu vazão à subgrupos como os nostyle, freakstyle e briófitas
[que analisaremos à fundo em próximos capítulos].

A expressão “infanto-juvenil” por anos foi apropriada por lojas de departamento para dar nome à medida de elementos da moda. Não raro víamos em vitrines anúncios preconizando “coleções infanto-juvenis”, fato que causou extrema revelia dos membros do grupo ainda vagando no anonimato.

Hoje, depois do surgimento de movimentos empenhados na luta pelo reconhecimento da classe, protagonizados pelos grupos “chiquititas” e “amigas y rivales”, a categoria vem ganhando expressão no cenario nacional e além da televisão, na literatura também é possível encontrar o espaço dedicado aos I-J (infant...)

Ex.:
“EVANGELHO EM CASA – Chico Xavier / Meimei
Seção – Infanto-Juvenil
Obra infanto-juvenil em que a autora espiritual, em linguagem doce e cativante, traça roteiros e sugere diretrizes para o Culto do Evangelho no Lar.”

Fonte: www.rumos.com.br

Diferente do que pode parecer, o grupo já figurava entre as tribos urbanas antes mesmo do processo de urbanização. Antes dos anos 80 já havia direcionamento midiático para os pertencents à classe.

Acompanhe:

The Muppet Show (tradução em Portugal: Os Marretas) foi um programa de televisão INFANTO-JUVENIL, cujos personagens eram fantoches, geralmente, com grandes olhos e grandes bocas, produzido por Jim Henson e sua equipe entre 1976 a 1981. Algumas das personagens mais conhecidas são: o Sapo Caco (Cocas) e Miss Piggy.
Nos Estados Unidos ainda é exibido, e suas principais personagens já estrelaram vários filmes. É um dos programas de existência mais duradoura, tendo estreado em 27 de Setembro de 1976.
Os infanto-juvenis habitam a região árida das escolas primárias e ainda é possível encontrar remanescentes da corrente em uiniversidades e inseridos em outros grupos sociais clandestinamente.


Infato-juvenil segundo a 92.ª Edição da Barsa, é todo indivíduo(a) munido de atrofia cerebral no tocante ao desenvolvimento [naipe maturidade] e desprovido de habilidades de interação social com qualquer espécie de progenitor.


Em síntese, infanto-juvenis são a matéria-prima para classes como EMOfílicos, loiras-adolescís, e os populares adultoscomcomplexodepeterpan.

Acompanhe as próximas edições e descubra mais sobre esse peculiar grupo yanomami.

20071008

|| Série Tribos Urbanas ||

Imagem acima



A sociedade pós-moderna tem presenteado analistas com anomalias sociais das mais variadas.

Nesta série vamos elencar alguns novos grupos sociais vulgarmente conhecidos como ‘tribos’: briófitas, mancos, famosos de revista, telefonistas, pré-vestibulandos, fetos, idosos entre outros.

No capítulo de hoje conheceremos os novos ícones da habitação terrestre: Idosos.

- O que comem;
- O que vestem;
- Como se comunicam;

Divirta-se:

Superando a etnia Emo, os idosos têm praticado a reprodução via osmose e superado as expectativas dos coladores de adesivo “banco preferencial para analfabetos, mancos e idosos” nos ônibus. A população de idosos representa um contingente de quase 15 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade (8,6% da população brasileira).

Caracterizados pelo sorriso maroto com vácuos entre dentes, vestidos floridos e relógios de parede nos pulsos, a tribo idosa é sempre cheia de simpatia e flatulência (na maioria das vezes simultaneamente).

Diferente do que muita gente pensa, não existe idade para participar do clã. Em sua maioria o grupo é composto por indivíduos de 65 anos em diante, mas alguns mancebos também têm aderido o visual “retrô” e o vocabulário de gírias característico dos vovôs.


Veja na imagem acima ^
A preocupação dos sociólogos tem sido a alteração que alguns fatores podem trazer pra vida em sociedade como a idéia de nunca mais poder sentar no lotação, o aumento exacerbado de bailes vespertinos, proliferação de furões de fila amparados por lei e principalmente o aumento do IPTU para sustentar a produção em larga escala de fraldas geriátricas fornecidas pelo governo.

Infelizmente os idosos são observados como seres completamente estéreis e que não mais servem para expressar a sua subjetividade. É o que os astrônomos chamam de estigma. Naturalmente o membro da trump idosa, já pesaroso por encontrar-se biologicamente envelhecido, pode sentir-se frustrado por perceber dificuldades para obter destaque em seu grupo social, confundindo-se com a corrente EMOlógica de tribos.

O pioneiro do movimento é Cid Moreira, idoso desde os 13 anos. O fundador da corrente difunde a filosofia idosa em rede nacional e é figura de destaque no cenário de líderes sociais junto com Spider Man, embaixador emo.

Confira a nossa lista de idosos famosos:

- Sandy;
- Roberto Justus;
- Cid Moreira;
- Celso Portioli;
- Vera Fisher;
- Raul Gil;



Outras informações sobre a recém-nascida tribo urbana vc encontra em www.vidaaposamorte.org

20071003

advento dos males del Male

O conceito de virilidade é uma constante na vida de todo garoto. A predominância das pegadinhas envolvendo sexo na pré-adolescência é fato e um belo dia as brincadeiras infantis se acomodam lá no subconsciente e passam de piada de guri pra insegurança de homem.

Impotência Sexual, perda de cabelo, diminuição da massa muscular, queda de apetite sexual. Imagine tudo isso num pacote só. Todos os medos que afligem o subconsciente masculino se reúnem e acometem o meliante numa única pancada. É a Andropausa.

E a culpa é da produção de hormônios. A sistemática é a seguinte: uma glândula do cérebro, a hipófise, libera hormônios que transformam colesterol em testosterona que é a alma do negócio. Depois de muito tempo de uso, já fora da garantia, a transformação de colesterol em testosterona não é mais tão eficaz e é aí é que mora o perigo.

È claro que esse mar de catástrofes não acontece em 15 minutos e nem ao mesmo tempo. É um processo lento e gradual. Cada homem sofre a sintomática de modo diferente. Uns carecas, outros impotentes.

No espectro de sabedoria que pertence a Deus, houve o que chamamos de equilibrium naturalicum. A compensação dos males femininos. Obviamente a senhora que se presta à leitura do artigo não vai disseminar essa piadinha infame já que nesse momento, o apoio do cônjuge é de extrema importância.

Com atenção, diálogo, compreensão, e é claro, com o auxílio de medicamentos os sintomas são amenizados.

20071002



son coeur est un luth suspendu;

sitôt qu'on le touche, il résonne.

Falo da vertigem que em toma.
Não como antes,
feito fel de melindres
feito mal descarado.
Falo da vertigem que me toma feito bem
Que aquece aquele frio do vazio de ter que descobrir um mundo sozinha.
Falo da vertigem que me toma
Bem no momento em que seu olho pequeno fica menor com meus guizos infantis, e vc ri...
Falo do opaco que me toma, raciocínio rápido, ligeiro me some
E leva cada bom argumento que ensaiei te pedindo pra ficar
No certo
No seguro
No correto
No calor
Mas o torto, tempestuoso, estranho, incomum
Tão mais atraentes...
Mais atraentes que garota sem segredo...
Que menina sem idade.
Falo do desejo [incontrolável] que me toma
De descobrir cada ‘vc’ que há pra descobrir;
Até esses aí que nem vc sabe quem são...
Pretensão minha
Eu que tenho tão pouco...
Tão pouco...
E o pouco, quase nada quase some
Quando seu olho miúdo me aparece e me ri sacudindo a fagulha de tentar que sobrou aqui dentro.
E aquele pacote grande de argumentos torpes que a sagacidade me soprou virou pacotinho quando a tal fagulha enrubesceu de vergonha da minha pequenez
Aí me sobra esse quase nada que sei
Com o quase tudo que ainda há pra descobrir e o quase sempre que não temos...
Te ofereço o quase nada que sei somado ao seu e o mundo que hgá pra descobrir aí dentro, que talvez, só quem não saiba quase nada tenha fôlego pra descobrir.
E que essas duas décadas, as nossas, sejam de descoberta pq talvez esse simples,
Esse pouco,
Esse quase nada que ofereço
Não seja assim tão pouco comparado ao pouco que se descobre ao lado de outro que tanto já descobriu.
Então tenta.
Tenta comigo o muito que ainda há pra tentar e o tanto que ainda há pra descobrir ao lado de quem sabe tão pouco e de quem ama tão muito .
E desiste tão nunca.

20070928


Filho de pastor calvinista, feito eu, de batista...
ah, Van Gogh...
talvez abandonar a vaidade de manter duas orelhas vá me fazer melhor.

for.us

Pros céus

A simplicidade da vidinha cristianicamente sedada que levo
Leva todos os dias um choque novo dessa juventude que me fere a retina

E meu contato contigo, Senhor
Vira relacionamento de verdade
De gente de verdade
E a verdade que eu tinha _ em que eu acreditava _ vai virando mentira
Ou parecendo mentira, ainda que verdade

Minha cabeça dói uma dor estranha
Meus olhos queimam no meio do que eu pensei ser iniqüidade e já nem sei mais...
E meus dedos vão dançando no papel num vômito de crise feito gorfo de criança escorrendo nos valores que eu nem sei se são mesmo meus
E nem precisam ser meus. Quero mesmo é que sejam Seus, que são valores.
De verdade.
Então só aponte com o dedo o lado pra eu poder seguir ou faça assim com o queixo pra qualquer lado, só eu saber que lado. Ou sente aqui do meu lado...

.....
Pra você

E aquele a quem dedico tanto amor de “cantares” bíblicos,
Em quem me vejo em pedacinhos
Pra quem eu dedico as palavras com calor
_pq as frias são pro resto do mundo. As que contêm calor são suas. As que me contém são suas_
é uma saleta escura que eu vou tateando sem saber o “quê”
No meio de tropeços e pancadas não encontro a porcaria do interruptor e minha retina não dilata o suficiente pra te ver por inteiro.
Então tenho que juntar as partes que consigo sentir nas mãos e me assusto tanto, e me envolvo tanto...

e quero mais.

bissexualidade: a profecia

Tudo bem que os pioneiros na inversão de papéis masculinos e femininos são os índios - todo mundo faz balaio e o papel do agricultor é feminino - mas na sociedade moderna, onde mulher está para fogão bem como homem está para mecânica, a inversão de papéis virou moda.

Se Aristóteles pudesse meter o bedelho lembraria que o homem é um ser social, portanto, antes mesmo dos índios, quando a maior parte de nós ainda nem tinha saído da Mesopotâmia, os gêneros já eram lapidados pela vida em sociedade. A concentração que o homem dedica à rodada de futebol nas quartas-feiras ou às reuniões de negócios é compatível com a concentração que precisava dedicar à captura da caça e à proteção do lar. E para dar conta de velhos, crianças, agricultura, artesanato e o que mais viesse, a mulher precisou desenvolver a capacidade de lidar com várias situações de tensão simultaneamente. Enfim, testosterona e estrogênio eram produzidos em larga escala para dar conta das tarefas.

A gente já não vê mais gente caçando porco selvagem nem aldeias cujas administradoras diplomáticas sejam mulheres. Mesmo que a essência dos papéis masculino e feminino ainda permaneça, a intensidade diminuiu. Quem caça e quem cuida da casa são que já não estão mais tão delimitadas quanto há alguns séculos.

E essa alteração é o ponta-pé inicial da tese de Umberto Veronesi, médico e ex-ministro da Saúde na Itália, que consiste na seguinte profecia: a espécie humana caminha a passos largos para o bissexualismo.

Wikipédia mãe dos néscios define bissexualidade como “atração fisica, emocional e espiritual por pessoas tanto do mesmo sexo como do oposto, com níveis variantes de interesse por cada um, e à identidade correspondente a esta orientação sexual” e o esclarecimento não é por se tratar de novidade não. Só não somos todos bissexuais desde os primóridios por causa da necessidade de reproduzir, e os relacionamentos na roma antiga ratificam a afirmação. Amor de verdade era coisa de homem. Só de homem. A mulher era a coelhinha - Não. Essa da playboy não - da reprodução.

Filipo Melo, um dos colunistas do Mix Brasil, site alusivo às causas homossexuais, é menos pragmático: "Ser bissexual é como ser um duende. Ninguém acredita que existe, nenhum dos dois lados te respeita, os dois te olham desconfiados. Só que não tem pote de ouro no fim do arco-íris."

Mesmo com a impopularidade de duendes e de bissexualismo generalizado, o médico Veronesi ainda discursa sobre o resultado da evolução natural das espécies. O homem abandona as características que lhe cabiam nos primórdios – leia-se caçador, líder, mantenedor do lar, e nas palavras do doutor transforma-se numa “figura sexualmente ambígua”.

O homem caçador lá da Mesopotâmia não precisa mais de uma intensa agressividade física para sobreviver e as mulheres já não produzem tantos hormônios até porque relações sexuais para reprodução dão lugar a barrigas de aluguel e inseminações artificiais. A menor produção de hormônios acabaria atrofiando os órgãos reprodutivos e criando uma espécie de "preguiça reprodutiva" e no fim das contas, nos tornaremos um modelo único, onde a relação sexual será optativa e independente de gênero. Em suma, seremos abelhas: a maior parte seria praticamente assexuada e só uma pequena parte se dedicaria à reprodução.



uhuuul!

\o/

20070926

"amigapacaramba"

Num desses almoços onde se contam piadas e peripécias amorosas, eu e quatro amigas gargalhávamos de chorar [possivelmente motivadas pelos degetos químicos na comida universitária] - Das quatro, para melhor compreensão do causo, traço um perfil físico, que éo mais relevante agora.
A primeira delas veste 34 e deve ter descendência europeia: cabelo liso + nariz afilado.
As outras duas não fogem do formato com variações de tamanho de nariz, dentes e tals...
Eu, míope, afro-descendente, e dando alguns pulos, entro no meu jeans 38. Ok. A última na descrição foge um pouco dos padrões graças à massa adiposa e aos olhos abundantemente verdes. Também affrodescendete. Mas, o que fica, apesar do verde dos olhos e da pele boa, é aquele inferno de gordura que todo mundo tenta se livrar. E pra facilitar, vou dar números aos personagens, ok? Eu sou eu, as donas dos narizes afilados, cabelos maleáveis e dentro do peso médio são 2 e 3. Nossa protagonista, com massa adiposa a mais que as três primeiras, é 7.
Falar abertamente sobre obesidade é crime, principalmente com quem padece do mal. Digo “padece” e “mal” pelos malefícios à saúde – que fique claro e o relato dem a ver com isso.
O que me encafifou a ponto de escrever sobre isso foi o comportamento do grupo no momento “peripécias amorosas”. Eu, 2, 3 e 7 rimos como nunca na semana. E o papo descambou para sucessos e insucessos amorosos. Foi quando cada uma de nós compartilhou, ainda que sem citar nomes, da dor que nos afligia no momento.
>Eu falei sobre meu afer por caras mega-complexos-de-difícil-compreensão;
>garota n.º2 contou dos “ex” e de como eles adquiriram o título de “ex” [o que é sempre uma história interessante!]
>n.º 3 discorreu sobre suas confusões com os vários possíveis garotos-afer e aí é legal pq a gente pode ajudar a escolher um.
Quando foi a vez da n.º 7 contar suas “ficadas”, os olhares foram de descrédito, já que a gente vive numa sociedade de merdinha em que a idéia vendida é que pra ser amado a gente tem que vestir jeans 36.

O que me confunde é que essa coisa de ficar surpreso com a gordinha que pega os caras na moral é que com aquelas que se entregam à crises de baixa auto-estima a gente conversa sobre se aceitar, sobre viver bem e discursa: “mas vc é linda! Só vc que não vê!”
Muito bom. Amiga é pra isso mesmo. Mas aí, quando a coisa tá bem a gente acha que é segunrança demais pra quem foge dos padrões porcos de beleza? É problema não ser inseguro mesmo não sendo Naomi Campbell?
Ah vá!

20070723

pequena cusparada

ai que bobeira ficar fazendo crise virar verso.
que besteira pensar que rimar frasesinha e escrever sintilando vai fazer isso tudo que a gente sente ficar em http//:

que bobeirinha pensar que pular linha sem pontuação
assim
desse
jeito

pode sublimar o que a gente cospe.
no banheiro a gente senta igual
e na mesa come igual
e dorme igual
aí aprende a dispor verbo em prosa e se acha dono de tanta coisa....
blogosando por aí a gente vai vendo mil verdades e mil coisas facinhas facinhas...


dá uma preguiça doida de transformar sentimento em verson qndo o verso é de raiva, né?
a gente perde o dom. perde o punho. eu perco. fico suja e porquinha.


o legal disso tudo é que não importa o monte de abobrinha que a gente escreve, vai ficar. pra posteridade.

e esse cheiro de moleca que não me larga. quero ter odor de mulher.
quero ter cheirinho de velha.
e perder essa cara de 10.


qualquer acréscimo para tanto é muito bem vindo.

20070619

irmã.

o tilintar dos seus desejos vão crescendo e me tomando os olhos...
o sibilar desse seu adolescer me infla de orgulho todas as manhãs

assisto seus "doeres", desempenhos, desamores
flutuando num vidrinho onde te guardo e vou olhando até não mais poder
te cuidando até não poder mais

sua feitura, seu feitio
seu formato, seu modelo
sua alma, seu caráter e toda essa coisinha que você é
tem uma cor... é de um sabor que me comove
e mal me caibo tamanho o orgulho de te ver crescer

te bato e beijo
te brigo e deixo
te esqueço te aqueço
e daria todas as vidas minhas em troca de uma sua.

me enterneço e entorpeço
só de ouvir teus sonhos
de te ver com livros
de te ver ao alcançe das mãos

temo quando a juventude vier te levar embora
temo quando o vidrinho onde te guardo não puder mais te conter
temo não suportar a dor de te entregar ao mundo.

seu perfil de perfeição eu não teria mais,
nem seu cheirinho de guardado
nem seu jeito folgado de esquecer, quebrar, estragar

meus dedos se atropelam bem agora que tento transpor o tamanho do amor que te tenho
é mais que palavra,
mais que verso antiquado de amor

dou meu futuro, meus planos, meus seres e eres e ires...
por você
pra você
a seu favor
em seu favor
é tanto amor... mal me contenho

enquanto puder, te retenho no vidrinho flutuando pra mim
aqui no meu nariz
te observando colher cada pedaço de mundo
te ver no deslumbre do descobrir, desvendar
e te amando, cuidando, ensinando...
pra quando meu vidro não mais te conter
quando meu olho não mais te cobrir
pra quando você for embora,
pra você saber voar...

20070607

consulta, vertigem, consulta

> vertigem:

finjo pra mim que pareço novela
e que alegrias... as tenho aos montes.
me finjo certa.
aí entro e fecho a porta
então o dom artístico aflora.
dom de fingir.
até dói porque a falta de talento é tanta que vão os dias até que a frase me venha
com a dor vem a vertigem.
a escondo - me machuca.
as coisas se movem.
meus olhos vão fechando, fechando...
olho pros olhos iguais aos do Judas, aquele primôr do falsete falsário.
e são os meus
esses frígidos, fingidos e cheios de sono
que vejo e confundo com os gananciosos e confusos olhos do jovem Judas
assassinado pela autocomiseração. e fico a pés do chão.
e penso em Judas, peno nos olhos.
mal penso.



> a consulta:

Dias desses vinte anos de tanto fingimento serviram para lapidar as virtudes da dramaturgia que desenvolvo sorrindo aos quatro ventos.
aí vem a vertigem e me confunde. tanto sono... tanto Judas...
agora no consultório.
No diagnóstico, aquele em que vou precisar ter breve conversinha com o neuropsiquiatra, me assusto.
alguém me viu.
ela me viu.
Doutorazinha esperta.
a vbertigem foi que me despiu e lá dentro, no consultório, ela me viu.
não pude fingir, não pude sorrir.
antes que eu tivesse a chance de voltar a interpretar a bruaca da médica já tinha a receita na mão e o princípio de depressão.
Me vi ali pequena e burra a ponto de não pdoer levantar.
ela me viu zonza, com olhos de sono, boca rachada e seca.
me viu consada, pálida, ébria, triste.
talvez não tenha visto o Judas em meus olhos, mas viu demais.
é o que ela quer que o tal neuroqualquercoisa veja!
o que não imaginam,nem ele nem ela é a surpresa que preparei!
meu melhor sorriso. meu melhor discurso.
um sorrir daqueles que vão abrindo devagarinho e falo apenas de dores no cortex. De resto, finjo.
Só preciso fazer votos para que não me venha. não me sobrevenha.
Preciso torcer para que não me aflija a vertigem - essa nem foi diagnosticada. uma lástima.

é maior que eu e quando me acontece, vem a autocomiseração. a arte da autocomiseração.


> a autocomiseração:

mais fácil do que possa parecer, basta ser franco.
não franco como sua mãe seria.
franco.
comigo funciona bem
em cada pedaço de carne que sustenta meus ossinhos pequenos posso ver um pedaço de vida em que cuspi fazendo a escolha errada, como Judas.
Elas me pareciam tão certas...
e sendo franca, pareciam porque sou cega.

agora é aguardar o proximo surto e a próxima consulta.

neuropsiquiatra. aguarde.
Preciso torcer para que não me aflija a vertigem - essa nem foi diagnosticada. uma lástima.
caso venha a vertigem... aí ferrou. vix, ferrou.

20070527

tenta o quê;

às favas com o mentecapto que me inventou a porcaria da tentativa.
Vá enfiar-se no longe e enfie a tentativa no lá também.
A não ser que prefira ser mártir da causa
Caso queira avise que te enforco nas tuas próprias cordas de adestrar pobre.

Esse sentir insepulto só não morre por culpa tua
Infeliz
Me inventa a coisa de ‘tentar’
E é tentando que a gente se explode
Tenta, tenta e morre um pouco de quando em quando.
Obviamente tanta tentativa tem tanto teor de derrota que vira tédio.

Que espera alcança espera sempre alcança espera e alcança...
Espera o teu nariz!
Que ânça mané ânça.

Vai você e leva o alcança contigo.
Batidos os dois.
Perdi a diplomacia na última das tentativas logo ali no último quarteirão.


Meu peito é o que fere
Minha cara é a que quebra
Meu corpo é o que padece

Tentei e cá estou.
Tentando.
Tento tanta coisa que esqueço tantas outras.
Dá errado e o que dizem? “vai, leso. Continua tentando”.

Farta.
Farta. Não há mais por onde e não há mais em onde.
bater
esfolar
me auto esfolo todo dia nessa coisa de tentar e tentar.
cansada.
chega de tentar.
chega.
tenta você;
que agora eu toh tentando não tentar mais
essa coisa de tentar.
Vicia a gente né?

Pois bem
Tento todo dia esquecer que tenho amor
Tento lembrar tudo de débito tudo de crédito
Tento perder todo o medo
Tento ficar acordada.
Tento e só tento mesmo porque aquela coisa do ‘consegue’ ta longe, amigo.
É.
Lhe digo.
Ta longe.
Ta vendo? Tenta.

20070522

a mim. aos vinte.

Enquanto os pés semi-tocam sonho
Enquanto as mãos semi-sentem nuvem
Tempo é quem não me espera.
Agouro de mim pra mim.
E quase que te enxergo dentro
E quase que te sinto dentro
E semi-posso entrar.

Semi porque não toco sonho
Semi porque não sinto nuvem
Quase porque tento tanto...
E o que era logro
É hoje jogo (que sempre perco)
E o que era escambo
É hoje assalto (que sempre sofro)

Plenos pulmões grito – espera!
E desde 80 quando mal comecei, esse tempo descortês só me apetece
E me tira o pouco que a custo juntei pedaço por pedaço
E as peripécias da velhice me roubam cada estilhaço de ignorância que guardava pra perder por hoje, mas aos 15 já não a tinha mais...
E agonizo nos verbetes
Perversos que me enganam
Fingem pra mim que sou livre por escrever,
Que sou forte por agüentar.
Falsa farsa
Fel enganador
Que tomo aos goles todo dia pra acordar e ver longe o tal sonho
Nuvem
Amor
Ah e este último merece a linha inteira
Até essa aqui também.
E essa. esmorece a paciência da mais alta divindade

A gente aguarda, ouve, chora e doa.
Aí é promovido. Vira amigo.
Inferno.
Amigo o raio que o parta.
E a porcaria do tempo escoa.
Duas dezenas.
Duas décadas.
Espero feito areia
Aquela inerte esperando o sal da água verde do oceano lhe gracejar a vida

E o desatino de molhar o amor pra ver crescer é que me corto e ponho sal pra arder.
Talvez eu seja areia ferida e o mar salgado bule comigo
E me escapa o ar lamurioso, bem grito mesmo.
Sal na ferida.

Tempo é quem não me espera
E achava ruim. Mesmo. Aí vomito o pior.
Tempo é quem vai apagar cada firula que te fiz,
E cada acréscimo que te dei
E cada verso que te escrevo
E cada “eu” que te doei.

Aí não toco sonho nenhum
E a merda da nuvem
A queda não me amortece.
O olho é que se enternece
Vendo o que me fiz até aqui.
Vendo o que fiz. o que. que. nada.
Aí digo “semi-toco sonho”
Pra fingir que “semi” me faz perto de tocá-lo.

20070520

às escondidas

então entra.
pode entrar.
entra, mas aqui no fundo.
entra na porta de trás.
não quero que nos vejam.

entra, eu disse!
pode entrar!
entra e fecha logo a porta.
fale baixo. sabe sussurrar?
melhor. não fale.
nem fale.
não quero que nos ouçam.


melhor! MELHOR!
me escreva!
isso!
conte-me tudo!
conte-me mais!
somos amigos, não?
sejamos amigos!
mas, aqui no fundo.
aqui no fundo

aliás, nem precisa vir.
me escreva.


se quiser...
pode vir.
venha.
fique um pouco.
avise e te espero.
aqui atrás.
venha na noite.
não quero que nos notem.
mas venha.
entra, senta.
espera, fica.
fica um pouco.
um pouco.
um
pouco.
só.

20070513

Moribunda - depoimento

Depois de "mal bom", sucesso laboratorial, hei de alertar o leitor amigo a respeito da enfermidade oxidante que despluma, despolpa, desnuda, destudo.
este entretanto, tomo como estudo de caso em depoimento particular.
acompanhe:

- até parece que o copéde por quem tomei amor não é quimera sibilante de momento...
sei que é. é que esqueço...
é fábula, historieta.
o duro é que é gangrena tal qual fosse real.
queria que fosse.
sabe-se que na inocação (repare no nome de doença. típico) deve haver o mancebo que provoque os primeiros sinais do padecer.
vem afinidade em intelecto.
música, livro, som. aí então é movediço.
as mariposas dançam acima da bexiga ou nela mesmo.
os olhos tomam forma inflamável. corpo vira ar e a vida que antes era boa fica vazia e depois boa de novo.
e a quem atribui-se o novo preenchimento? mancebo.
até aí é comedido e classificado "amizade boa", "quase irmandade".
então não há melhor momento que aquele em que se observa, ouve, absorve as palavras saídas do meliante (e derivados) e o incontido impulso de ouvi-lo, observa-lo e privilegia-lo com o que eu tenho de melhor.
compartilhar o que eu guardaria apenas pro meu próprio deleite.
alcançada tal edema, não há retorno.
o lúgubre do mal se deu.
lamente ter alimentado a quimera e te-la feito crescer.
é tarde.
e que fique claro: se fosse recíproco ainda, nem mal seria...
mas é efêmero, nocivo, insópito.
problema é vê-lo eterno e inócuo.
não é.
se deve haver qualidade a ser citada é o altruísmo que embala o caminho do matadouro.
enamourou-se então....?
sinto muito e alerto. ele é melindroso.
engoda a alma.
engoda até engodo.
e hoje, além de mal bom, adquiro também o que chamamos de "quimera do outro".
o que se desenvolve no conviver, cuidar, querer e escutar.
a casualidade não mais satisfaz e a gente quer hora e lugar.
diagnosticar é simples.
é recíproco? ora! realmente encontraste, meu jovem, seu outro você perdido nos perdizes.
agora, se as mariposas só tem pista de dança na SUA bexiga, lhe digo boquejando: já prescrevo terapia.
a catástrofe é ser imperceptível a princípio, inevitável em seu desenrolar e no fim, irreversível.
é como dizem... pra morrer, basta estar, estar... hun. estar... enamorado por mancebo perdiz.
lamento.
morrer de mal bom é honradez.
morrer de quimera é definhar até não haver mais água a expelir pelos olhos.
e a antífrase de tudo é que eu realmente não voltaria. alimento quimera gorda feito angorá.
como diziam sábios bibliofônicos, "não se turbe o vosso coração".
antídoto existe.
tornar recíproco
tornar câmbio
tornar permuta.
então vem a cura e a "quimera do outro" vira "ombro pra sempre".
e o mancebo passa a ser o perdiz perdido. passa a ser seu outro você que te tem e pronto.
um pouco de repouso e logo vem a alta definitiva.
caso contrário,
morte é certa.
ah, dualidade maniqueísta...
alta/funeral
bem. consulte seu médico periodicamente
faça exame preventivo de quando em quando
nunca se sabe.
eu? pereço feliz até que o faça tomar amor em mim.
de outra feita, meu lamento é mesmo por quem não padece.
até hoje lembram dos judeus, não lembram?
pois bem.
padeço então não para que me recordem como ao holocausto mas para que desfrute de cada pedaço de entremente de vida.
ainda que seja doença, mentira, biltre, blefe.
antes definhar de experimento que morrer de tédio.
e tenho dito.
espero que me tome amor.


explanada sintomática por completo, fica o alerta. prevenir? ah, não vale. exponha-se. depois damos jeito.

20070512

vide

haja vista o tamanho da empreitada atrás do perdiz que, coitado, corre feito perdiz atrás de outro desses perdizes perdidos, o tal perecedouro de amor até parece e se torna mesmo tenaz. acaba por parecer mesmo.
e a peregrinação rumo ao desconhecido do outro (de quem tanto falo) perduraria toda vida não fossem esses lapsos scatterbrainianos que me sobrevem volta e meia.
a gente vai cultivando essa larva filha da mãe até a ladina tomar conta de vez e pra cair na lucidez, só com laringoscopia mesmo.
aí a larva vira bicho e come a gente.
e sabe Deus se você também não é larva de alguém...
eu sou...?
parece lanugem em cara de moleque que quando vê já enfeiou o pobre.
maldição! fica uma ova!
de a volta e vá embora.
larva que me come coração, rim, fígado.
quero é morrer de mal bom
que larva? lhe digo.
calendário reformado por Júlio César em 46 anstes de Cristo.
e vai ficar assim mesmo em suspenso.e tenho dito.
vide minha vida.

20070511

o que acontece:

sabe velha lavando calçada e a água entrando nas frestas em tudo que é fresta em tudo que é espaço em tudo que é coisa?
sabe casa de madeira velha em dia de sol
bem cedo do dia
bem cedo...
a luz na retina ferindo o olho?
sabe perfume barato fragrância de doce em saleta de SUS na entrada lotada que invade a narina da gente?
quem vem não importa veto, lacre, nada.
entra sem licitação e já está com os pés na mesa?
segue sem porta que impeça
e o outro descobre o meu outro guardado e eu vejo o outro escondido guardado do outro.
sei ser água.
sei ser luz
sei ser cheiro.
e me entra e me descobre
e te entro e te descubro
somos água
somos luz
somos cheiro
e nos sabemos.

20070510

.segredo

senta aqui
eu conto o segredo
conto do medo que eu guardo em telúrio
faz tempo que guardo e garanto segredo
que tange o friável do bobo do medo
que nem medo é, já virou cautela
por causa do tempo, esse bobo

convence a gente de tudo
que amor é ternura
que dor é baléla
que abraço é dispensa
que beijo é carinho
tempo engana gente

amor é grande, gordo e faminto que se molha e vê crescer
dor, sofrer bonito que se sangra, que se estanca.
bênção é sorte mentira. é porte de arma. é poder.
beijo é amor em dose aleopádica


hein, senta aqui
eu conto segredo
antes de tempo nem tinha medo
me disse "pondera"
me disse "espera"
aí caí
agora,
amor parece ternura (mais ainda é bem amor daquele)
foi-se a ventura
que teria eu vivido
não fosse o tempo
me ter feito esquecido

ímpeto, chamei de infância
tal amor chamei de ternura
dor fiz amiga
culpa é verdade
e a rima demodé
esqueci que era segredo.

20070503

fica

bem podia sair daqui de dentro essa coisa que eu nem deixei entrar.

podia dar ordem pra exílio mas autoridade nem tenho...
tanto que não o detive. não pude. sou pequena, cansativa.

podia expulsa-lo assim ... cansando.
não quero. nem posso. então fique. e pronto. ficamos os dois.
me fere e não suporto
mas fica
sou tola por querer dar o que devo guardar para ter o que certamente vou perder.
mas fica.

Não há quem prefira libélulas....

Há de ser que tenha sido
numa folha seca dessas
que perdi o rumo certo
e tornei-me libélula.


Há de ser que tenha havido
um momento certo, exato
em que perdi o futuro
10 anos planejado


e ainda que eu tenha sido
num desses meus passados...
um peixe, um pato
um passo certo,
hoje sou libélula de passo errado

aliás... nem tornei-me!
não tornei a mim...
fui batizada
"te declaro libélula"
"te conclamo libélula"
"te batizo libélula"


então agora sou.
e o que dizem "libélula"?
borboleta feia da noite
da tarde
sem flor
não que eu goste
não reclamo
prefiro mesmo
mas há quem prefira?
não há quem prefira libélulas...

20070429

é aí que a gente pensa se valeu.
é aí que a gente vê que valeu nada...
é aí que a gente vê que vale nada.
é aí que a gente pensa se sofreu, se doeu. A gente mede.



é aí que a gente leva a pancada
e é assim que a gente aguarda a nossa vez.
e é aí que a gente lembra Dele
chora pra Ele
grita pra Ele


é aí que a gente vê que morre.
lembra que morre.
lembra que morre.

só assim que a gente chora de verdade. bem amargo. bem doído.

é aí que a gente vê que não controla.

pão, chão, café, vinagre.
vida,
dia, noite,
dorme, acorda, todo dia.
então a gente leva um soco e olha pra vida.
um tapa na cara.
um soco.
surra.
aí a gente vê que não vale
e vê quanta coisa...
tanta coisa...
é aí que a gente corre.
medo.
se esconde
e abraça e chora e passa e volta.
pão, chão, café, vinagre.
vida,
dia, noite,
dorme, acorda, todo dia.
é aí que a gente morre.
bem aquei dentro da gente.




andreas/andréia.

20070427

moribunda

Aquela habilidade de cativar cognitiva, quase crônica com que alguns nascem pode ser adquirida no contato igual catapora. igualzinho! E aquele ímpeto de euforia frenético, quase lúdico com que alguns nascem pode ser adquirido no habitat do animal portador também. Até aquele sintoma insano do riso constante, quase pandêmico com que alguns nascem pode ser capturado num pote para ser utilizado quando convier. Creio que até o repertório do bem viver é algo a ser adaptado dentro do universo paralelo dos que sofrem da anomalia descrita.
Obviamente os nascidos portadores de todas as características dantes citadas ainda permanecem na conhecida fase de negação. Ainda que aquele probleminha da morte (que hodiernamente vai cercando os pobrezinhos) se manifeste, não há o que temer. Os sintomas são constantes, gradativos e tendem a piorar.
Penso que o contágio eufórico (ainda que tratemos das já citadas ladies) e a capacidade peculiar de sorrir são concedidos aos que sabem padecer do malefício da alegria constante - ainda que o sofrer pareça mais atraente.
Não que sofrimento não faça parte do perfil anômalo citado. É inerente a todos e não seria negado a estes. O fato é que os tais apenas ignoram a dor e modificam a problemática do sofrimento. As vezes gritam. Aliás, como gritam estes! A plenos pulmões como se voz fosse vento. E as mãos? No ar em movimentos circulares. Sobrancelhas ressaltadas (ora a esquerda, ora a esquerda – é. Só têm habilidade motora eficaz com a esquerda. Alguns até tem sucesso com a direita. São raros. Conheço um.)
Veja você, leitor amigo, interessado nas peripécias da ciência, quão gloriosa é a sintomática da sofreguidão... o pobre nem parece pobre dada a faceta da praga. Ri-se a todo tempo e faz rir quem perto estiver (como catapora, lembra?). “é coisa do cão”, diria a antiga geração. Classifico como doença pelo malefício da dificuldade de choro, dificuldade de manifestação da dor. É do que morrem. De não poder doer. De não poder chorar. É do que sofrem. É do que padecem. Uma pena. Tão alegres... cura penso não ter. talvez tratamento que amenize o opróbrio, mas cura cura mesmo, pra inventar. “é que a responsabilidade da abstinência quanto ao choro é relacional, é social”, dizem estes. É pra negar a doença... pobres.
A dificuldade no que concerne à manifestação do choro, dor, fraqueza e genéricos é por estes atribuída à responsabilidade com o próximo e à figura que lhes é imputada do “bom provedor” de sentimentos entorpecentes (daqueles que ludibriam mesmo... o tal êxtase de alegria e semelhantes).
Cientificamente, convenhamos.. Não há objeções quanto aos sintomas já que parecem benéficos à primeira vista. E o são! Porém apenas para os que não sofrem do mal e acabam por tirar proveito dos adoentados. O proveito que menciono é bem aquele que classificamos vulgarmente como “ombro amigo” utilizado em ocasiões de abalo emocional por assintomáticos ou pelos que realmente não sofrem do mal.
O “são” faz uso do “doente” e de suas habilidades auditivas para as mais variadas atividades confessionais em seus debilitados ouvidos; desde subjugar pessoas, confidenciar pecados dos mais sórdidos, solicitar aconselhamentos sem cerne até desabafos que apenas ao seu dono caberiam.
Atitude que compele a vítima a oprimir ainda mais sua capacidade de sofrer e chorar catalisado a penalidade máxima vulgo morte. A nobreza do mal é padecer sorrindo. A singeleza do sorriso sintomático que não poderemos jamais associar ao automático, diga-se de passagem. Ainda que por doença, o sorriso, o gargalho e tantas outras características são absolutamente reais. O que torna o padecer ainda mais veloz.
A abordagem do tema vem senão alertar o leitor no que diz respeito ao contágio (como citado acima é rápido e irrevogável) e à solidariedade com os que sofrem do mal descrito. Chamo de mal do bom. Porque ele é bom.

20070424

analogia (revisto e censurado)

bem quando me vejo só
é quando eu me vejo mais
e eu sei que há alguém pra me libertar.
enquanto eu me sinto só é quando eu me sinto mais
e eu sei
bem sei que existe alguém que pode ver bem mais
e quando eu me pego só é quando eu me entendo mais
eu sei
pode nascer alguém que vê em mim o meu melhor
e quando eu me encontro só é quando eu me encontro mais
eu sei
ao certo existe alguém que vai me encontrar...
e quando eu me sinto só é quando eu me grito mais
eu sei
bem certo
existe alguém que pode ser bem mais que eu
e quando se sentir bem só
é quando vai sentir-se mais e saberá que existe alguém que poderá o enxergar
e quando eu me sinto só
é quando eu me doo mais
e a dor amiga dá visão do que não puder ver
entendo que talvez seja melhor doer
bem quando eu me encontro em paz é quando eu nem me vejo mais
e penso: deve existir alguém que certamente pode mais que eu
e quando eu me sinto só é quando eu escrevo mais
e as palavras vem dizer que só com as palavras posso, e quero, e devo me sentir bem mais.
a dor que anda em mim passeia tanto
que zonzeia a paz que mora bem no canto esquerdo do meu peito
e sem motivo faz a dor maior ser bem menor
deve ser o tal alguém que aguardo tanto e vejo que nem sou tão só pois tenho a mim e o meu pensar
e posso ser bem mais que alguém que pode bem me encontrar
e quando eu me sentir tão só
ele será aquele a quem espero e quero e peço
"venha, tenho tanto a lhe mostrar...
senta aqui no canto acima, lado esquerdo, dentro do meu peito.
então te vejo bem aquele que ninguém consegue enxergar "
tomara Deus que veja a mim
quando eu me sinto só é quando me pergunto mais se vale ser assim tão simples
quando eu me sinto só é sempre
quando eu me sinto só? agora
quando me vejo só me vejo
quando me pego só é certo que me sinto mais
é certo que enxergo mais
o que não pude ver
cegada pela turva, calva, derradeira paz

20070422

adivinha

pequena fé minha
ante o nobre sonhar (esse seu)
seu tapete da frente
lá que escondes a vida
dantes vivida...
limpo meus pés pra entrar

digo como se não tivesse pulado a janela
escondida, quieta
ouvindo o tilintar dos sonhos
batendo uns nos outros
distintos, distantes

tão pequena a sorte minha
ante o seu "nobre" falar
seu controle dos verbos, auqeles situacionais
prediz todos meus versos
suplanta meus laços
prediz minhas ações

digo como se não tivesse saber sobre o logro que és
finjo que entro nos teus verbetes
tento enxergar tuas entranhas
finjo, finjo e sou logro também

inverossimilhança o que me fazes crer
dono dos verbos
dono dos versos
dono dos laços
lhe dgo: sou ladina

controla e prediz o que sai dos meus lábios
por acaso pensaste que talvez... talvez...
possa eu também predizer predições?
Pensaste já que talvez que eu prevejo teus atos e calhe a mim lograr teir logros?

Tenho os mesmo ardis
ainda que me falte o poder que tens
sobre todas situações
sei do seu logro
se do ardil
e os tenho também
em menor escala, é certo


tão pequena a astúcia minha
que penso “certamente ele compreenderá cada verbete nesse post”
e me esqueço que cada palavra sua é metrificada, melimetrada
seu poder situacional
seu poder.


e agora vejo teus andares sobre a testa, franzida
diante dos versos saídos
sem muito pensar
dos dedos inícuos
sujos
secos meus
que desenham
desenham você
ou o pedaço teu
que eu pedi pra entrar
e o que roubei também.

20070418

meu bel

mal me achaste
foste ouvir
bem meu bel
meu decibel
veio ver
o planetóide
onde vivo
um mausoléu


mal me viste
bem cuspistes
nos meus pés
pequenos pés
pro prosápia
de amantes
como fôsse
seu papel...


propalando meus segredos
espalhando todos medos
invertendo sofrimento
invertendo toda dor



já ouviste "privativo"?
não me invada o planetóide
tire o pé da minha mesa
e esqueça já meu bel!!


não te quero ver nem perto
não te quero ver nem longe
não ver-te, ter-te
não preciso nem responde

vá embora jogue fora
a memória do meu bel
não me ouça
não me acolha
esqueça agora o decibel

mal me viste
e invadiste
o planetóide
mausoléu
onde vivo
bem sozinha
larilando o decibel

bem aqui eu fico e presa
não aceito assim surpresa
quero só ficar pra sempre
com meu bel
então esqueça

20070416

acredito em tanta
tanto
tudo
e só,
sã,
só .
que seja meu o problema
que seja eu quem resolva
que seja eu quem me ouça
que não se ofereça quem não pode
que não me diga que pode
então que meu ouça eu
apenas eu me ouça
e me chore
me lamente
me ignore
que eu me apoie
me apoie em mim
e resolva a mim
e ame a mim
e que seja
so

só sempre.
que eu me chore
só eu chore a mim.

20070414

conselho

Mortifica o medo e sente muito
diga que sente
ainda que custe, diga
sempre custa...
corre. cai... é o que fazem
acredita!
absolutamente crédulo
céticos perdem ludibriações das mais preciosas

Faça doer.
ausência de dor é rotina
prefira que doa.
ou você pode viver todos os dias este mesmo dia...
é que dor é ferida
tempo
cicatriz
é lembrança
Permaneça
todos sempre vão...
então seja crédulo
caia
sinta.
tanta dor.

20070412

Minueto (revisto e censurado)

É bem como se fôssemos minueto e trio.
como se não temessemos coletivo, plural.
como se fôssemos
minuetássemos
em três por quatro
e em humor elevado e suspensos, todos nós.
e em rondó circular
como se coisas fossem mesmo apenas coisas e pessoas fossem pessoas
é como se simplificassemos
como se fôssemos bem aquele nó
e o sendo, permitissemos o desate.
como se controlassemos mesmo o desatar...
como se fossemos dodecafônicos
supersonicos
polifonicos
emitíssemos sons
nos fazendo entender os incomunicáveis de sentir e ser.
não somos.
harmonicamente distantes
semínimos
semifusos
difusos em terminologias
e nos vestimos ainda que esteja quente
nos vestimos de outros e por instantes os somos
e então somos vários e apenas um os finge a todos.
como se flutuassemos
mas não somos
tão mais fácil se minuetássemos...

<>




Sou pedaço de pluma na fresta de luz

Pequena dançando na sua janela

Me sopra com vento

Me deixa voar

Me deixa no sol

Me deixa escapar


Aquele pedaço de pluma no dedo

Bem na pontinha do seu anelar

Me sopra com vento

Me deixa voar

Me deixa no sol

Me deixa escapar

Me deixa fugir, me põe na janela

Lá fora na chuva

O medo me espera