20080215

história bem bonita de amor com final feliz - capítulo 1

o romance mais aguardado agora em fascículos.


Uma pancada das tramas literárias que tendem a virar trilogia-epopéia tem seu início, quando ainda em livro, com descrições de no mínimo duas orações sobre o clima [como se a porcaria da estação realmente ajudasse em alguma coisa no desenrolar do dramalhão que se segue]. Não consigo imaginar nem de perto a temperatura debaixo daquela vestidorama da minha mãe em outubro de 1984, quando meu pai conseguiu convencê-la a casar-se com ele. Pulamos a parte climática com a denúncia do local do enlace matrimonial. Rio de Janeiro, Duque de Caxias, em outubro [não que o mês vá alterar alguma coisa no imaginário de quem sabe como é que a coisa funciona naquele Rio de Janeiro cheio de mosquitos transmissores de doenças e mais quente que ferro de carvão].

De qualquer maneira, até o momento do altar de suor muita coisa aconteceu e é essa muita coisa que me proponho a transformar em prosa.
Depois de muitos solavancos no pau-de-arara da vida, meu pai, piauiense, 29 anos, tendo cursado até o quarto ano do primário, deu de Don Juanar a carioca mais cheia de banca do meio batista. De flerte com o filho do pastor da Primeira Igreja, quase patrimônio histórico do Rio, figurando entre os donos da maior membresia do velho oeste com seus 600 componentes ativo-atuantes-participantes. Coisa de batista. Minha mãe e outras cocótas faziam a vez pela frente suntuosa do templo carioca quando o magricela do meu pai deu com os dedos na nariga arrebitada da dona minha madre e como nos filmécos da época disse “eu ainda vou namorar você, Mirian”. É claro que ele deve ter dito isso num surto psicótico suicida e ter saído correndo depois ou, como manda a cartilha soarina, deu uma gargalhada gutural e fingiu estar brincado.

No fim, a estratagema furada funcionou e depois de um dramalhão que eu conto num outro dia, estamos de volta ao altar.

Quando criança eu cismei que aquela horrorosa que levava as alianças nas fotos era eu, dando vazão aos primeiros sinais do que seria o triunfante complexo de inferioridade estética que nos acompanha até a adolescência. Como eu ainda apresento traços fortíssimos do comportamento adolescil [que certamente me acompanharão até os anos 80 do século 21], essa imbecilidade acaba por tornar-se fato relevante. Isso da feiosa do buquê ser eu. Tempos depois, aprendendo cálculos no Kumon, notei o quão improvável seria que aquele monstrengo das alianças fosse a mesma lilóca. O que não amenizou a decepção nos momentos de espelho em que eu decorava cada dobrinha roliça no meu braço gordinho aos 7 anos.

A essa altura meu truque para engodar um possível leitor que ingressou na empreitada de engolir esse texto imaginando tratar-se da comovente história de amor dos meus pais já deixou de funcionar, não é? É a minha história. A-há! Te pegue-ei!

4 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom o seu texto!
haihaihaihaihiahiahiha
Bem humorado!
adorei os comentários da história entre os []!!!
haiuoahoiuahihaihaioha
Valew!abraço

Zanfa disse...

É tudo culpa da câmera, ela engorda alguns qulinhos.

eauaehaeuhea

Eu não posso ver minhas fotos antigas sem dar risada. xD

Garbo disse...

hahahahahaha qdo comecou a acontecer alguma coisa acabou..

to indo ler o segundo e sera que serei surpreendido?

Guilherme disse...

auhauahuahuahuah

Ri de mais hehehe